PSB e PT, o
casamento tortuoso
Reproduzo, abaixo, a avaliação de
Gaudêncio Torquato. Desta vez (deve ser a única), não compartilho da sua
análise. Tenho a impressão que Lula adota a mesma tática que adotou ao dividir
terreno entre Zé Dirceu e Palocci no seu governo. Procura criar uma gangorra
entre PMDB e PSB. Contudo, o preço que Eduardo Campos está impondo é tão alto
quanto o do PMDB, sendo um partido muitas vezes menor. Lula começou aceitando o
preço, depois tergiversou e o presidente do PSB endureceu a negociação. São
ações de valorização do seu lugar no jogo do poder. Arrisco a dizer que ainda
não há nenhum sinal claro de ruptura ou distanciamento envolvendo os três
partidos. Apenas movimentações inteligentes. Como se diz em política:
"ninguém negocia com quem não tem força".
PSB e PT tomam distância
O PSB e o PT começam a tomar
distância no espaço político-partidário. A partir deste último. Os partidos se
afastam em pleitos, onde, até então, caminhavam juntos : Fortaleza, João Pessoa
e Recife. O caso mais impactante é o do Recife, onde o PSB garantira o apoio ao
PT, caso o candidato fosse o ex-deputado Maurício Rands. João da Costa ganhou
as prévias. O PT acabou pedindo aos dois que se retirassem do pleito. Rands
aceitou, o prefeito João disse não. O PT, então, decidiu afastá-lo na marra,
escolhendo o senador Humberto Costa como candidato do partido. Ante a confusão
formada, o presidente do PSB, governador Eduardo Campos tira do bolso do colete
o nome de Geraldo Júlio, o golden-boy da administração pessebista, e o lança
como candidato do PSB. Atrai para a aliança o PMDB do senador Jarbas
Vasconcelos.
Visão de futuro
Em Fortaleza e em João Pessoa, o
PSB também sairá com candidatos próprios. O partido demonstra não querer ser
apertado em abraço de afogados, como lembra seu vice-presidente, Roberto
Amaral. Aplaina caminhos do presente com vistas ao futuro. Eduardo Campos é
ambicioso e gostaria de juntar em torno dele o que chama de "geração
pós-64".
PMDB, o coringa
Qualquer cenário que se projete
para o amanhã deve levar em consideração o papel do PMDB. Trata-se do maior
partido nacional, com alta taxa de união interna graças à articulação realizada
pelo presidente licenciado do partido, o vice-presidente da República Michel
Temer. Todos os sinais apontam para uma performance altamente positiva do
partido, o que o conduzirá novamente ao pódio municipal. Ou seja, deverá
continuar com o maior número de prefeitos. Com a planilha nas mãos, o partido
deverá ser um coringa. Se pender para um lado, este lado ganha o jogo. Se o PT,
por exemplo, der uma guinada e quiser caminhar em faixa própria -
posicionando-se como poder hegemônico - arrisca-se a entrar em parafuso. PT diz
que fará 1.000 prefeitos. PMDB deverá ultrapassar esse número.
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